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Poema: "Salão-de-chá" (2013) por Sirius
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1
Por assim me ter sido permitido
Quiçá por Graça ou por inopinada instrução no Caminho
Dos ignotos véus desnudaram-me os olhos
Por momentos vi, como Deus nos vê…Prostrados
2
Salão-de-chá adentro ao balcão serviram-me
Café arábica com pastel dito de nata
Prazer contido, plo orquítico testículo do fisco
Cravo um montecristo, pra reequilibrar o furto!
3
Da mesa ao canto calamocado fui
Por três untuosas tias em chalaceador aparato
Fiquei na dúvida se num salão entrei
Ou se lhes trocaram o chá por vinho farto!
4
Lápis nos olhos, laca em glabros cabelos
Retesados mindinhos, xícaras da china a contra-peso
Da fricção do fumo boquilhas das cócegas, com risinhos
Reinam a etiqueta, o glamour e o rococó estilo!
5
O alvo lulu da moda plo óbolo ladrava ansiado
Com tanto bolo e chá preto por cima dele devorado
Bocas esfaimadas lançavam salivosas mãos ao pré-pago
E igualavam frases ao que doutros orifícios fora excretado!
6
Fragmentação das pinceladas retratando
Mui belas damas na tela impressionista
Dispensáveis corpetes sobre cinturas de fada
Conversa discreta, são sem dúvida aristocratas!
7
Subtilmente se apresentava o porvir
Chegou em jeitos dum dicotómico cenário
Céu e inferno a um piscar-de-olhos de distância
Esculturais virgens em alardeadeiros se transfiguravam!
8
Em induzido transe de seguida a Luz desceu
Rompendo qual vela acesa a cônscia câmara imersa em breu
Dum patamar sublime remostraram à matéria
O sórdido oceano da fétida humana miséria!
9
Senti-me esmagado por mim e plos demais
Esmagado é dizer pouco, com tanto lodo no cais!
Exaurido desde esse dia e tolhido pra explanações
Directo ao cerne em supremo esforço, te menciono pois…
10
Multiplicam-se sem pensar, qual extensa mancha de crude
Comendo cadáveres de animais e ainda se julgam na virtude
Lançam a mão a tudo, o que interessa é gozar
– Puxo mais um cá pra baixo, se for pra escravo…Azar!
11
Castelos na praia…Vazios de areia, vazios de tudo…
As melgas mordem, mas continuas manso e mudo…
Teu baptismal nome é Discernimento Nulo…
–Eu sei que tu sabes que eu sei que tu queres apenas comer, dormir e o fálico-furo!
12
De volta a mim, cigarrilha acesa traguei o fumo
Soprei-o em névoa, separando bastidores do palco imundo
Em passo de tango penetro a fronteira efémera
Com o olhar fixo, falo rijo, m’aproximo delas…
13
Vendo-me vir o alerta foi dado!
Trio de peruas com o pescoço esticado!
Debruçado sobre a média dos ouvidos, segrego:
– “Provem o doce de banana por mim feito!”
[/b]
Poema: "Salão-de-chá" (2013) por Sirius
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1
Por assim me ter sido permitido
Quiçá por Graça ou por inopinada instrução no Caminho
Dos ignotos véus desnudaram-me os olhos
Por momentos vi, como Deus nos vê…Prostrados
2
Salão-de-chá adentro ao balcão serviram-me
Café arábica com pastel dito de nata
Prazer contido, plo orquítico testículo do fisco
Cravo um montecristo, pra reequilibrar o furto!
3
Da mesa ao canto calamocado fui
Por três untuosas tias em chalaceador aparato
Fiquei na dúvida se num salão entrei
Ou se lhes trocaram o chá por vinho farto!
4
Lápis nos olhos, laca em glabros cabelos
Retesados mindinhos, xícaras da china a contra-peso
Da fricção do fumo boquilhas das cócegas, com risinhos
Reinam a etiqueta, o glamour e o rococó estilo!
5
O alvo lulu da moda plo óbolo ladrava ansiado
Com tanto bolo e chá preto por cima dele devorado
Bocas esfaimadas lançavam salivosas mãos ao pré-pago
E igualavam frases ao que doutros orifícios fora excretado!
6
Fragmentação das pinceladas retratando
Mui belas damas na tela impressionista
Dispensáveis corpetes sobre cinturas de fada
Conversa discreta, são sem dúvida aristocratas!
7
Subtilmente se apresentava o porvir
Chegou em jeitos dum dicotómico cenário
Céu e inferno a um piscar-de-olhos de distância
Esculturais virgens em alardeadeiros se transfiguravam!
8
Em induzido transe de seguida a Luz desceu
Rompendo qual vela acesa a cônscia câmara imersa em breu
Dum patamar sublime remostraram à matéria
O sórdido oceano da fétida humana miséria!
9
Senti-me esmagado por mim e plos demais
Esmagado é dizer pouco, com tanto lodo no cais!
Exaurido desde esse dia e tolhido pra explanações
Directo ao cerne em supremo esforço, te menciono pois…
10
Multiplicam-se sem pensar, qual extensa mancha de crude
Comendo cadáveres de animais e ainda se julgam na virtude
Lançam a mão a tudo, o que interessa é gozar
– Puxo mais um cá pra baixo, se for pra escravo…Azar!
11
Castelos na praia…Vazios de areia, vazios de tudo…
As melgas mordem, mas continuas manso e mudo…
Teu baptismal nome é Discernimento Nulo…
–Eu sei que tu sabes que eu sei que tu queres apenas comer, dormir e o fálico-furo!
12
De volta a mim, cigarrilha acesa traguei o fumo
Soprei-o em névoa, separando bastidores do palco imundo
Em passo de tango penetro a fronteira efémera
Com o olhar fixo, falo rijo, m’aproximo delas…
13
Vendo-me vir o alerta foi dado!
Trio de peruas com o pescoço esticado!
Debruçado sobre a média dos ouvidos, segrego:
– “Provem o doce de banana por mim feito!”
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