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Falar do dia 13 de Maio da Umbanda é falar de nossos queridos Pretos Velhos, afinal é o dia que homenageamos nossos amados Vovôs e Vovós. Porem vivemos em Portugal, e é impossível também não homenageamos ou falarmos de um outro aspecto extremamente importante da espiritualidade e que tão bem pode ser relacionado a nossa Umbanda.
Mas antes de falar sobre isso quero contar aqui uma história ocorrida já há bastante tempo. Estávamos nós, eu e o Heldney no terreiro conversando com a saudosa Preta velha – Mãe Maria de Aruanda – de D. Francisca como gostava de ser chamada a orientadora espiritual da casa, quanto fomos surpreendidos por um relato da preta velha: “ Fios, vocês “tão” aqui “oiando” “pra” essa preta velha incorporada nessa “cavalinha” e acham que essa preta aqui é “nega”, num é “mermo”?
- Respondemos que sim.
- “Mas eu “num” sou “nega” não, na verdade eu sou branca, de” oios” azuis da cor do céu. E na minha “úrtima” passagem pela matéria eu também me chamava Maria e trabalhava com um chapéu na cabeça quando ia para lavourar a terra, e vivia no Alentejo e em terras de além-mar, lá em “Purtugal”.
Aquele relato nos impressionou, principalmente por naquela época (1989) achávamos que todo preto(a) velho(a) era negro(a) e ex-escravo(a).
E completou a sua revelação dizendo: “e os “fios” ainda vão conhecer a minha terra vão se lembrar dessa preta aqui e eu vou ficar muito feliz.”
E assim aconteceu cinco anos mais tarde, quanto visitamos Portugal e escutamos falar pela segunda vez na vida do Alentejo.
Mas o que está história tem a ver com que eu comecei a escrever.
Para mim?
Tudo!
O movimento abolicionista no Brasil nasceu lentamente (1850) e de forma gradual foi crescendo. A revolução pedia um novo estado, o sistema imperial já não satisfazia, grande parte do povo brasileiro vivia com grande dificuldades económicas e sociais.
E quando no dia 13 de Maio de 1888, foi proclamada a Lei Áurea pela Princesa Isabel[1] um novo panorama político e social nascia no Brasil.
Um período de novas esperanças, em que um mundo melhor e mais justo viria e se não resolveria as dificuldades económicas e sociais pelo menos ajudava as ameniza-las.
Em Portugal vivia-se um momento difícil pós implantação da república (1910). Revoluções, falta de comida e trabalho, miséria social fazia sofrer grande parte da população portuguesa.
Quando no dia 13 de Maio do 1917 deu-se a aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, em Fátima, uma nova esperança nasce em solo português.
Assim tal como em 1888 no Brasil, um novo período se apresenta. Um período de mais fé, optimismo e esperança também nascia.
E nessa mesma data, em povos e períodos distintos, uma mesma mensagem nasce no seio de dois povos que se encontram intimamente interligados. E essa mensagem que tão bem pode ser incorporada dentro dos terreiros, principalmente nos terreiros portugueses, pois nesta data comemora-se um novo período, uma nova era, uma nova mensagem de fé, de esperança, de união, uma mensagem que nos diz que novos tempos virão e que ele será muito melhor do que antes.
E quem melhor dentro do ritual de Umbanda para unir essa mensagem, essa boa nova tão importante para ambos os povos que passavam por um momento de desilusão, tristeza e desesperança do que nossos queridos amados pretos velhos.
Afinal a imagem do homem sofrido, escravizado e catequizado em solo brasileiro, mas que mesmo assim manteve a humildade, a sabedoria, o amor no coração e que traz sempre a mensagem de fé, de esperança que alivia nossos corações.
Aquele que soube que através da dor, evoluir, crescer e ter a força, de dar o amparo, o consolo e o ombro amigo, mostrando que apesar das amarguras da vida, dias melhores virão.
Que mistérios será que essa data guarda em si?
Salve os Pretos Velhos na Umbanda
Saravá N.S. de Fátima
[1] Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança
(www.lendasdearuanda.com)
Mas antes de falar sobre isso quero contar aqui uma história ocorrida já há bastante tempo. Estávamos nós, eu e o Heldney no terreiro conversando com a saudosa Preta velha – Mãe Maria de Aruanda – de D. Francisca como gostava de ser chamada a orientadora espiritual da casa, quanto fomos surpreendidos por um relato da preta velha: “ Fios, vocês “tão” aqui “oiando” “pra” essa preta velha incorporada nessa “cavalinha” e acham que essa preta aqui é “nega”, num é “mermo”?
- Respondemos que sim.
- “Mas eu “num” sou “nega” não, na verdade eu sou branca, de” oios” azuis da cor do céu. E na minha “úrtima” passagem pela matéria eu também me chamava Maria e trabalhava com um chapéu na cabeça quando ia para lavourar a terra, e vivia no Alentejo e em terras de além-mar, lá em “Purtugal”.
Aquele relato nos impressionou, principalmente por naquela época (1989) achávamos que todo preto(a) velho(a) era negro(a) e ex-escravo(a).
E completou a sua revelação dizendo: “e os “fios” ainda vão conhecer a minha terra vão se lembrar dessa preta aqui e eu vou ficar muito feliz.”
E assim aconteceu cinco anos mais tarde, quanto visitamos Portugal e escutamos falar pela segunda vez na vida do Alentejo.
Mas o que está história tem a ver com que eu comecei a escrever.
Para mim?
Tudo!
O movimento abolicionista no Brasil nasceu lentamente (1850) e de forma gradual foi crescendo. A revolução pedia um novo estado, o sistema imperial já não satisfazia, grande parte do povo brasileiro vivia com grande dificuldades económicas e sociais.
E quando no dia 13 de Maio de 1888, foi proclamada a Lei Áurea pela Princesa Isabel[1] um novo panorama político e social nascia no Brasil.
Um período de novas esperanças, em que um mundo melhor e mais justo viria e se não resolveria as dificuldades económicas e sociais pelo menos ajudava as ameniza-las.
Em Portugal vivia-se um momento difícil pós implantação da república (1910). Revoluções, falta de comida e trabalho, miséria social fazia sofrer grande parte da população portuguesa.
Quando no dia 13 de Maio do 1917 deu-se a aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, em Fátima, uma nova esperança nasce em solo português.
Assim tal como em 1888 no Brasil, um novo período se apresenta. Um período de mais fé, optimismo e esperança também nascia.
E nessa mesma data, em povos e períodos distintos, uma mesma mensagem nasce no seio de dois povos que se encontram intimamente interligados. E essa mensagem que tão bem pode ser incorporada dentro dos terreiros, principalmente nos terreiros portugueses, pois nesta data comemora-se um novo período, uma nova era, uma nova mensagem de fé, de esperança, de união, uma mensagem que nos diz que novos tempos virão e que ele será muito melhor do que antes.
E quem melhor dentro do ritual de Umbanda para unir essa mensagem, essa boa nova tão importante para ambos os povos que passavam por um momento de desilusão, tristeza e desesperança do que nossos queridos amados pretos velhos.
Afinal a imagem do homem sofrido, escravizado e catequizado em solo brasileiro, mas que mesmo assim manteve a humildade, a sabedoria, o amor no coração e que traz sempre a mensagem de fé, de esperança que alivia nossos corações.
Aquele que soube que através da dor, evoluir, crescer e ter a força, de dar o amparo, o consolo e o ombro amigo, mostrando que apesar das amarguras da vida, dias melhores virão.
Que mistérios será que essa data guarda em si?
Salve os Pretos Velhos na Umbanda
Saravá N.S. de Fátima
[1] Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança
(www.lendasdearuanda.com)