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O segredo que a igreja proibiu? Teoria da conspiração?

2 participantes

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Lancelot

Lancelot
Admin

O Novo Testamento, oferece um retrato de Jesus e da sua era que se conforma às necessidades de certos interesses estabelecidos - de certos grupos e indivíduos que tinham, e em certa medida ainda têm, interesse no assunto. E tudo o que pudesse comprometer ou embaraçar estes interesses - como por exemplo o Evangelho "secreto" de Marcos - foi devidamente cortado. Na verdade, foi cortada tanta coisa, que se criou uma espécie de vácuo. Neste vácuo a especulação torna-se justificada e necessária.

Se Jesus era um legítimo pretendente ao trono, é provável que tenha sido apoiado, pelo menos inicialmente, por uma percentagem relativamente pequena da população - a sua família directa da Galileia, certos outros membros da mesma classe social aristocrática, e alguns representantes estrategicamente colocados na Judeia e em Jerusalém. Estes seguidores, embora distintos, dificilmente seriam suficientes para garantir a realização dos seus objectivos - o sucesso da sua pretensão ao trono. Em consequência, ele ver-se-ia obrigado a recrutar um séquito mais substancial, noutras classes sociais .

Como é que se consegue recrutar um séquito de tamanho razoável? Obviamente promulgando uma mensagem calculada para captar a sua fidelidade e apoio. Esta mensagem não teria necessariamente de ser tão cínica como as associadas à política actual. Pelo contrário, pode ter sido promulgada em completa boa fé, com um idealismo perfeitamente nobre e ardente. Mas, apesar de uma orientação distintamente religiosa, o objectivo principal seria o mesmo que o dos políticos actuais - garantir a aderência da população. Jesus promulgou uma mensagem que tentava fazer precisamente isso - oferecer esperança aos oprimidos, aos sofredores, aos destituídos. Em suma, era uma mensagem com uma promessa. Se o leitor moderno ultrapassar as suas ideias pré-concebidas sobre o assunto, conseguirá discernir um mecanismo extraordinariamente similar ao que vemos por todo o lado no mundo dos dias de hoje - um mecanismo através do qual as pessoas são, e sempre foram, reunidas em nome de uma causa comum, e fundidas num instrumento utilizado para derrubar um regime déspota. O cerne da mensagem de Jesus era tanto ético como político. Era dirigida a um segmento particular da população, de acordo com considerações políticas. Pois só entre os oprimidos, os sofredores e os destituídos, ele podia ter esperança de recrutar um séquito de tamanho considerável. Os saduceus, que tinham chegado a acordo com a ocupação romana, estariam tão relutantes em se separar dos seus bens ou em arriscar a sua segurança e estabilidade, como todos os saduceus ao longo da história.

A mensagem de Jesus, tal como aparece nos Evangelhos, não é completamente nova nem completamente única. É provável que ele próprio fosse fariseu, e os seus ensinamentos contêm vários elementos da doutrina farisaica. Tal como os Pergaminhos do Mar Morto atestam, contêm também vários aspectos importantes do pensamento essénio. Mas, embora a mensagem em si mesma não fosse totalmente original, o seu meio de transmissão provavelmente foi. Jesus era sem dúvida um indivíduo extremamente carismático. É perfeitamente possível que tivesse uma certa aptidão para curar e para outros "milagres" do género. Possuía sem dúvida um dom para comunicar as suas ideias através de parábolas evocativas e vívidas - que não exigiam nenhuma educação sofisticada por parte da sua audiência, sendo acessíveis, de certa forma, a toda a população. Além disso, ao contrário dos seus precursores essénios, Jesus não estava obrigado a limitar-se ao anúncio do advento de um Messias. Podia afirmar ser esse Messias. E isto, naturalmente, conferia muito mais autoridade e credibilidade às suas palavras.

É evidente que, na altura da sua entrada triunfante em Jerusalém, Jesus já recrutara um séquito razoável. Mas este séquito seria composto por dois elementos bastante distintos - cujos interesses não eram precisamente os mesmos. Por um lado havia um pequeno núcleo de "iniciados" - família directa, outros membros da nobreza, apoiantes ricos e influentes - cujo objectivo primário era ver o seu candidato instalado no trono. Por outro lado havia uma comitiva muito maior de "pessoas comuns" - os "soldados rasos" do movimento - cujo objectivo principal era ver realizada a mensagem e a promessa que esta continha. É importante reconhecer a distinção entre estas duas facções. O objectivo político de ambas - colocar Jesus no trono - seria o mesmo. Mas as suas motivações eram completamente diferentes.

Quando o empreendimento falhou, como obviamente acabou por suceder, a frágil aliança entre estas duas facções - "adeptos da mensagem" e adeptos da família - ter-se-á desfeito. Confrontada com o colapso e com a ameaça da aniquilação iminente, a família terá colocado as suas prioridades no factor que, desde tempos imemoriais, tem sido de importância suprema para as famílias reais e nobres - a preservação da linhagem a todo o custo e, se necessário, no exílio. Para os "adeptos da mensagem", no entanto, o futuro da família seria irrelevante. Para estes a sobrevivência da linhagem seria secundário. O seu principal objectivo seria a perpetuação e disseminação da mensagem.

O cristianismo, tal como evoluiu durante os primeiros séculos, chegando eventualmente aos dias de hoje, é um produto dos "adeptos da mensagem". O curso da sua expansão e desenvolvimento foi vastamente cartografado por outros estudiosos, não justificando que nos debrucemos aqui sobre a questão. Basta dizer que, com São Paulo, a "mensagem" já começara a assumir uma forma cristalizada e definitiva; e esta forma tornou-se na base sobre a qual foi erigido todo o edifício teológico da Cristandade. Quando os Evangelhos foram compostos, os princípios-base da nova religião estavam já virtualmente completos.

A nova religião era primariamente orientada para uma audiência romana ou romanizada. Assim, o papel de Roma na morte de Jesus foi, necessariamente, branqueado, e a culpa foi transferida para os judeus. Mas esta não foi a única liberdade tomada com os acontecimentos, para os tornar agradáveis para o mundo romano. Pois o mundo romano estava acostumado a desafiar os seus governantes, e César já tinha sido oficialmente integrado como um deus. De forma a poder competir, Jesus - que nunca antes tinha sido classificado como divino por ninguém - tinha de ser também deificado. E assim aconteceu, às mãos de Paulo.

Antes de poder ser disseminada com sucesso - da Palestina para a Síria, a Ásia Menor, a Grécia, o Egipto, Roma e Europa Ocidental -, a nova religião tinha de ser tornada aceitável para pessoas de todas as religiões. E tinha de ser capaz de resistir no confronto contra credos já estabelecidos. O novo deus, em suma, tinha de ser comparável em poder, majestade e repertório de milagres, àqueles que tencionava substituir. Se Jesus queria ganhar uma posição segura no mundo romanizado do seu tempo, tinha forçosamente de se tornar um autêntico deus. Não um Messias no antigo sentido do termo, não um padre-rei, mas Deus encarnado - que, tal como os seus equivalentes sírios, fenícios, egípcios e clássicos, passara pelo mundo dos mortos e pelo Inferno lancinante e emergira, rejuvenescido, com a Primavera. Foi nesta altura que a ideia da Ressurreição começou a assumir uma importância tão crucial, e por uma razão bastante óbvia - colocaria Jesus a par de Tammuz, Adónis, Attis, Osíris e todos os outros deuses mortos e renascidos, que povoavam tanto o mundo como as consciências da época. Foi precisamente por esta mesma razão que se promulgou a teoria da concepção imaculada. E fez-se coincidir o festival da Páscoa - o festival da morte e da ressurreição - com os rituais da Primavera de outros cultos e escolas de mistérios contemporâneos.

Dada a necessidade de disseminar o mito de um deus, a verdadeira família corpórea do "deus", bem como os elementos políticos e dinásticos da sua história, tornar-se-iam supérfluos. Agrilhoados como estavam a uma época e a um local específicos, seriam prejudiciais à sua pretensão à universalidade. Desta forma, para validar esta pretensão à universalidade, todos os elementos políticos e dinásticos foram rigorosamente cortados da biografia de Jesus. Assim, todas as referências aos zelotas e aos essénios, por exemplo, foram também discretamente retiradas. Estas referências seriam, no mínimo, embaraçosas. Não pareceria adequado para um deus estar envolvido numa conspiração dinástica complexa e, em última análise, efémera - principalmente uma conspiração fracassada. No fim, não sobrou nada excepto o que consta dos Evangelhos - um relato de uma simplicidade austera e mítica, que apenas por acaso tem lugar na Palestina ocupada pelos Romanos do século I, mas que decorre primariamente no presente eterno de todos os mitos.

Enquanto a "mensagem" se desenvolvia desta forma, a família e os seus apoiantes não parecem ter estado inactivos. Júlio Africano, escrevendo no século III, relata que os familiares sobreviventes de Jesus acusaram amargamente os governantes herodianos de destruir as genealogias dos nobres judeus, eliminando assim todas as evidências que pudessem desafiar a sua própria pretensão ao trono. E diz-se que estes mesmos familiares "migraram através do mundo", levando consigo certas genealogias que escaparam à destruição dos documentos durante a revolta de 66-74 d.C.299.

Para os propagadores do novo mito, a existência desta família rapidamente se tornaria mais do que uma irrelevância. Tornar-se-ia num potencial embaraço, de proporções assustadoras. Pois esta família - que poderia testemunhar em primeira mão o que acontecera realmente, em termos históricos - constituiria uma perigosa ameaça para o mito. Na verdade, com base no seu conhecimento em primeira mão, a família podia ter rebentado completamente com o mito. Assim, nos primeiros tempos da Cristandade, todas as menções a uma família nobre ou real, a uma linhagem, a ambições políticas ou dinásticas, teria de ser suprimida. E - uma vez que é preciso reconhecer as realidades cínicas da situação - a própria família, que podia trair a nova religião, devia, se possível, ser exterminada. Daí a necessidade do máximo secretismo por parte desta família.

Daí a intolerância dos primeiros padres da Igreja em relação a qualquer desvio da ortodoxia que se esforçavam por impor. E daí também, talvez, uma das origens do anti-semitismo. Na verdade, os "adeptos da mensagem" e propagadores do mito terão prosseguido uma dupla finalidade ao culpar os judeus e exonerar os Romanos. Não terão apenas tornado o mito e a "mensagem" agradáveis para uma audiência romana. Terão também impugnado a credibilidade desta família, uma vez que era uma família judaica. E o sentimento anti-semítico que geraram terá facilitado ainda mais os seus objectivos. Se a família encontrasse refúgio numa comunidade judaica, algures dentro dos limites do Império, a perseguição popular podia, no seu ímpeto, silenciar convenientemente certas testemunhas perigosas.

Ao favorecer as audiências romanas, deificando Jesus e colocando os judeus no papel de bodes expiatórios, a divulgação daquilo que se tornou posteriormente a ortodoxia cristã tinha garantias de sucesso. A posição desta ortodoxia começou a consolidar-se definitivamente no século II, principalmente através de Ireneu, bispo de Lyons por volta de 180 d.C. Provavelmente mais do que qualquer outro padre da Igreja, Ireneu esforçou-se para conferir à teologia cristã uma forma estável e coerente. Conseguiu-o principalmente através de uma volumosa obra, Libros Quinque Adversas Haereses (Cinco Livros contra as Heresias). Nesta obra exaustiva, Ireneu catalogou todos os desvios da ortodoxia e condenou-os de forma veemente. Deplorando a diversidade, afirmou que só podia existir uma igreja válida, fora da qual não existia salvação. Ireneu classifica como herege quem desafiar esta afirmação - uma pessoa a ser expulsa e, se possível, destruída.

Entre as várias formas do cristianismo inicial, foi o gnosticismo que mais incorreu na ira injuriosa de Ireneu. O gnosticismo apoiava-se na experiência pessoal, numa união pessoal com o divino. Para Ireneus isto minava naturalmente a autoridade dos padres e bispos, impedindo assim a tentativa de imporá uniformidade. Em resultado, devotou as suas energias a suprimir o gnosticismo. Para este fim era necessário desencorajar a especulação individual e encorajar uma fé inquestionável em dogmas fixos. Era preciso um sistema teológico, uma estrutura de princípios codificados que não permitissem qualquer interpretação individual.

Em oposição à experiência e gnose pessoal, Ireneu insistia numa única igreja "católica" (ou seja, universal), baseada em fundações e sucessão apostólicas. E, para implementar a criação dessa igreja, Ireneu reconhecia a necessidade de um cânone definitivo - uma lista fixa de escritos autorizados. Assim, compilou este cânone, analisando as obras disponíveis, incluindo algumas, excluindo outras. Ireneu é o primeiro escritor cujo Novo Testamento se conforma, no essencial, àquele que conhecemos hoje.

Estas medidas, claro, não impediram a disseminação das primeiras heresias. Pelo contrário, estas continuaram a florescer. Mas, com Irenaeus, a ortodoxia - o tipo de cristianismo promulgado pelos "adeptos da mensagem" - assumiu uma forma coerente que garantiu a sua sobrevivência e eventual triunfo. Não é excessivo afirmar que Ireneu abriu caminho para o que ocorreu durante e imediatamente após o reinado de Constantino - sob cujos auspícios o Império Romano se tornou, em certa medida, um império cristão.

O papel de Constantino na história e desenvolvimento do cristianismo foi falsificado, mal representado e mal compreendido. A falsa "Doação de Constantino" do século VIII, serviu para confundir ainda mais as questões aos olhos dos escritores subsequentes. Ainda assim, atribui-se frequentemente a Constantino o crédito pela vitória decisiva dos "adeptos da mensagem" - e tal crédito não é inteiramente injustificado. Vimo-nos portanto obrigados a estudá-lo mais atentamente e, de forma a podermos fazê-lo, tivemos de pôr de lado certos dos mais extravagantes e ilusórios feitos que lhe são atribuídos.

De acordo com a tradição posterior da Igreja, Constantino herdara do seu pai uma predisposição favorável em relação ao cristianismo. Na verdade, esta predisposição parece ter sido primariamente uma questão de oportunismo, pois nessa altura os cristãos já eram numerosos e Constantino precisava de toda a ajuda possível contra Maxêncio, seu rival na pretensão ao trono imperial. Em 312 d. C, Maxêncio foi derrotado na Batalha de Ponte Milvius, deixando assim Constantino sem rival na sua pretensão. Imediatamente antes desta batalha crucial, diz-se que Constantino teve uma visão - mais tarde reforçada por um sonho profético - de uma cruz luminosa suspensa no céu.

Supostamente esta teria uma frase inscrita - In Hoc Signo Vinces ("Por este sinal vencerás"). A tradição conta que Constantino, submetendo-se a este portento celestial, ordenou que fosse gravado nos escudos das suas tropas o monograma cristão - a letra grega Chi Rho, as primeiras duas letras da palavra "Christos". Em resultado, a vitória de Constantino sobre Maxêncio em Ponte Milvius passou a representar um triunfo miraculoso do cristianismo sobre o paganismo.

Esta é, então, a tradição popular da Igreja com base na qual se pensa frequentemente em Constantino como tendo "convertido o Império Romano ao cristianismo". Na verdade, contudo, Constantino não fez nada disso. Mas, para decidir exactamente o que ele fez, é preciso examinar mais atentamente as evidências.
Em primeiro lugar a "conversão de Constantino" - se for essa a palavra adequada - não parece ter sido cristã, mas manifestamente pagã. Segundo parece, ele terá tido uma espécie de visão, ou experiência divina, no recinto de um templo pagão do deus gaulês Apoio, em Vosges ou perto de Autun. De acordo com uma testemunha que acompanhava na altura o exército de Constantino, a visão foi do deus-sol - a divindade adorada por certos cultos sob o nome de "Sol Invictus", "o Sol Invencível". Existem evidências de que Constantino, pouco antes da sua visão, fora iniciado num culto a Sol Invictus. Seja como for, o Senado Romano, após a Batalha de Ponte Milvius, erigiu um arco triunfal no Coliseu. De acordo com a inscrição neste arco, a vitória de Constantino fora conseguida "por instigação da Divindade". Mas a divindade em questão não era Jesus. Era Sol Invictus, o deus-sol pagão.

Contrariamente ao que diz a tradição, Constantino não fez do cristianismo a religião oficial de estado de Roma. A religião de estado de Roma sob o governo de Constantino era, de facto, a adoração pagã do sol; e Constantino, toda a sua vida, agiu como principal sacerdote deste culto. Na verdade chamou-se ao seu reinado "império do sol" e Sol Invictus figurava em todo o lado - inclusive nos estandartes imperiais e na moeda do reino. A imagem de Constantino como fervoroso convertido ao cristianismo está claramente errada. Ele próprio só foi baptizado em 337 - quando jazia no seu leito de morte, aparentemente demasiado fraco ou apático para protestar.

Nem lhe pode ser atribuído crédito pelo monograma Chi Rho. Foi encontrada uma inscrição com este monograma num túmulo em Pompeia, datando de dois séculos e meio antes. O culto a Sol Invictus era de origem síria e fora imposto pelos imperadores romanos aos seus súbditos um século antes de Constantino. Embora contivesse elementos da adoração a Baal e Astarte, era essencialmente monoteísta. Na verdade, postulava o deus-sol como soma de todos os atributos, de todos os outros deuses, subsumindo assim pacificamente os seus potenciais rivais. Além disso, harmonizava-se de forma conveniente com o culto de Mitras - que também prevalecia em Roma e no Império na altura, e que também envolvia a adoração do sol.

Para Constantino, o culto de Sol Invictus era, muito simplesmente, conveniente. O objectivo primário do Imperador, na verdade quase uma obsessão, era a unidade - unidade na política, na religião e no território. Um culto, ou religião estatal, que incluía todos os outros cultos, ajudava sem dúvida este objectivo. E foi sob os auspícios de Sol Invictus que o cristianismo consolidou a sua posição.
A ortodoxia cristã tinha muito em comum com o culto de Sol Invictus; assim pôde florescer em paz sob o manto de tolerância deste culto. O culto de Sol Invictus, sendo essencialmente monoteísta, abriu caminho ao monoteísmo do cristianismo. E o culto de Sol Invictus era também conveniente noutros aspectos - aspectos que ao mesmo tempo modificaram e facilitaram a divulgação do cristianismo. Por exemplo, num édito promulgado em 321 d. C, Constantino ordenou que os tribunais da lei fechassem no "venerável dia do sol", decretando que este devia ser dia de descanso. A Cristandade tinha até então considerado sagrado o Sabbath Judaico - sábado. Nesta altura, de acordo com o édito de Constantino, transferiu o seu dia sagrado para o domingo. Isto não só harmonizou o cristianismo com o regime existente, como permitiu também dissociá-lo ainda mais das suas origens judaicas. Além do mais, até ao século IV, o aniversário de Jesus fora celebrado no dia 6 de Janeiro. No entanto, para o culto de Sol Invictus, o dia crucial do ano era 25 de Dezembro - o festival de Natalis Invictus, o nascimento (ou renascimento) do sol, quando os dias começavam a crescer. Também neste aspecto o cristianismo se conformou ao regime e à religião estatal estabelecida.

O culto de Sol Invictus engrenava alegremente com o de Mitras - de tal forma, na verdade, que ambos são muitas vezes confundidos. Ambos enfatizavam o estatuto do sol. Ambos consideravam o domingo sagrado. Ambos celebravam um importante festival de nascimento no dia 25 de Dezembro. Em resultado, o cristianismo encontrava também pontos de convergência com o mitraísmo - ainda mais porque o mitraísmo sublinhava a imortalidade da alma, um julgamento futuro e a ressurreição dos mortos.

No interesse da unidade, Constantino decidiu deliberadamente confundiras distinções entre cristianismo, mitraísmo e Sol Invictus - escolhendo deliberadamente não ver qualquer contradição entre eles. Assim tolerava o Jesus deificado como a manifestação terrena de Sol Invictus. Assim viria a construir uma igreja cristã e, ao mesmo tempo, estátuas da Deusa-Mãe Cybele e de Sol Invictus, o deus-sol - este último uma imagem de si próprio, com as suas feições. Em tais gestos eclécticos e ecuménicos, podemos ver novamente a ênfase atribuída à unidade. A fé, em suma, era para Constantino uma questão política; e qualquer fé que conduzisse à unidade era tratada com indulgência.

Embora Constantino não tenha sido, portanto, o "bom cristão" que a tradição posterior retrata, ele consolidou ainda assim, em nome da unidade e da uniformidade, o estatuto da ortodoxia cristã. Em 325 d. C, por exemplo, reuniu o Concílio de Niceia. Neste Concílio foi estabelecida a data da Páscoa. Foram enquadradas regras que definiam a autoridade dos bispos, abrindo assim o caminho para uma concentração do poder em mãos eclesiásticas. Mais importante, o Concílio de Niceia decidiu, por votação, que Jesus era um deus, e não um profeta mortal. No entanto, mais uma vez, é preciso sublinhar que a principal consideração de Constantino não era a devoção, mas a unidade e a conveniência. Como deus, Jesus podia ser convenientemente associado com Sol Invictus. Como profeta mortal seria mais difícil de acomodar. Em suma, a ortodoxia cristã conformou-se a uma fusão politicamente desejável com a religião estatal oficial; e, nesta medida, Constantino conferiu o seu apoio à ortodoxia cristã.

Assim, um ano depois do Concílio de Niceia, sancionou o confisco e destruição de todas as obras que desafiassem os ensinamentos ortodoxos - obras de autores pagãos que se referiam a Jesus, assim como obras de cristãos "hereges". Instituiu também um rendimento fixo a ser atribuído à Igreja e instalou o bispo de Roma no Palácio Lateran. Depois, em 331 d. C, encomendou e financiou novas cópias da Bíblia. Este constituiu um dos factores mais decisivos da história da Cristandade, e proporcionou à ortodoxia cristã - os "adeptos da mensagem" - uma oportunidade sem paralelo.

Em 303 d. C, um quarto de século antes, o Imperador pagão Diocleciano levara a cabo a destruição de todos os escritos cristãos que fosse possível encontrar. Em resultado, os documentos cristãos - especialmente em Roma - praticamente desapareceram. Quando Constantino encomendou novas versões destes documentos, isso permitiu aos guardiães da ortodoxia rever, editar e reescrever o seu material como muito bem entenderam, de acordo com os seus princípios. Terá sido nesta altura que provavelmente foi feita a grande maioria das alterações cruciais ao Novo Testamento, e foi a partir daqui que Jesus assumiu o estatuto de que goza desde então. A importância da encomenda de Constantino não deve ser subestimada. Das cinco mil versões iniciais manuscritas da Bíblia, ainda existentes, nenhuma edição completa é anterior ao século IV.

O Novo Testamento, tal como existe hoje, é essencialmente um produto dos editores e escritores do século IV- guardiães da ortodoxia, "adeptos da mensagem", com interesses estabelecidos para proteger.
Será esta afirmação correta?????? meditemos no assunto.


Bibliografia: The holy blood and the holy grail. - Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln.

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Monge Copista

Monge Copista
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Estou lendo..... com muita calma...... book .... cafeh

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