Putz! Nunca pensei que gripe desse tanto jeito... Meu caro Jasper... Se por meu lado o ofendi de algum modo, não era minha intenção. Prezo sua opinião como as dos demais neste fórum. Da minha parte não existe nenhum mau sentimento por suas palavras. Permita-me no entanto esclarecer uns pontos, já que me parece que também ainda não me fiz entender por completo...
Entendo seu ponto de vista, mas penso que o religar não é feito a um nível externo, mas interno. Ou seja, crer em Deus (ou qualquer outro nome a Ele atribuído) e religar-se a Ele é um trabalho de consciência da essência individual, que é Divina em Si. Não creio que alguém encontre Deus fora. Quando você coloca que encontrou as respostas em si, eu o entendo, pois para mim o caminho também é esse. Porém coloco que existe também algo como a procura humana de afinidades que muitas vezes se manifesta numa congregação religiosa, numa religião. Repare, mesmo não frequentando uma religião você procura o contacto com os seus afins, ou não estaria trocando seus pontos de vista aqui no fórum... Por isso coloquei que nem sempre essas afinidades se manifestariam numa religião - podem ou não. Repare que todos nós aqui somos bem diferentes no pensar, mas temos muita coisa que nos une e que permite a troca de experiencias, sentimentos, opiniões, num local em que sentimos segurança de o fazer. Chegamos a tratar-nos por irmãos. O fórum é uma religião? Claro que não!
Mas permite de certo modo fazer algumas coisas que se fazem sim numa congregação, e isso tem mais peso do que parece...
Volto a colocar que muita gente pratica a própria religião sem sequer ter consciência do que faz. Tal como você diz, muitos nem entendem seus livros sagrados. Creio que se a consciência mudar e a religião for bem praticada, algumas coisas que você refere deixariam de acontecer.
Na minha visão
pessoal, que vale o que vale pois é apenas a minha verdade, Deus está em nós e também fora de nós, pois Ele é toda a Criação e para além Dela. Mas para que eu tome o meu lugar divino como Divindade que sou, tenho de ter consciência de mim, de me encontrar. O meio como eu faço isso depende de mim. Uma religião que não dê meios de uma pessoa fazer esse olhar para dentro, não nos está a religar, está a criar distância entre nós e a nossa essência, que é Divina, que é Deus. Porém o que eu noto é mais dificuldade de interpretação do que a religião passa e dos seus preceitos do que outra coisa... Lógico que muito foi vedado (nalguns casos propositadamente para manter a ignorância, como infelizmente também sabemos), mas há que sempre ver as coisas de um ponto de vista maior. Somos Magos, vejamos as coisas de um ponto de vista Iniciático (como já dizia um dos meus mestres...). Quando a Igreja Católica coloca que somos filhos de Deus, está a colocar o que você disse sim, que somos também Divindades em potência, à espera de acordar e tomar responsabilidade pela nossa filiação.
Creio que a sua experiencia de vida foi e é muito importante para que você tenha chegado à consciência que tem hoje. Nada é por acaso. Você se tornou thelemita porque aí viu afinidade. Isso acabou "forçando" que você olhasse bem para dentro e tomasse responsabilidade pela sua essência. As suas experiências fizeram-no ver que não há resposta fora de si, num caminho (talvez) mais solitário do que encontraria numa religião, mas que foi aquele que foi necessário para si. Tudo isso tem muita riqueza. As vidas das pessoas são ricas nesse ponto, pois nenhuma é igual e creio que no fim chegaremos aos mesmo sítios independentemente dos solavancos na estrada o do tempo de percurso. Talvez o seu tenha sido agilizado por esse processo. Saúdo a sua caminhada como a de todos os outros aqui.
Numa questão, no entanto, devo deixar uma colocação... Quando (e se) me ajoelho diante "de uma imagem de barro", não me ajoelho perante uma imagem de barro, mas perante o símbolo que ela carrega em si, que vibra em afinidade comigo e com uma parte de mim que é Divina, que "compõe" a minha Divindade. Estou a reverenciar-me a mim própria e ao Criador quando faço isso, pois eu sou uma mistura única de qualidades Dele, já que ainda que outros tenham as mesmas qualidades, nunca as terão nas mesmas quantidades (coloquemos assim). Deste modo, se eu reverenciar mãe Oxum, eu reverencio Deus/Olorum, reverencio a qualidade Divina ou a face Divina do Amor e reverencio o Amor que há na minha essência e faz e mim quem eu sou.
Creio que a diferença está na interpretação do acto em si. Em não me vejo "obrigada" a ajoelhar-me, como se me estivesse a humilhar perante alguém. Faço isso por amor e reverência à Divindade que está no Todo, e em mim também. Posso até nem me ajoelhar, basta inclinar a cabeça em respeito, basta rezar uma prece silenciosa. O meio de cada um pertence a cada um.
Espero que desta forma o meu ponto de vista esteja também mais clarificado...
Não se melindre com as minhas palavras, por favor, são apenas o meus ponto de vista. Também eu não me melindrei com as suas, aliás, muito as valorizo. Saúdo-o pela esperança enorme que tem nesta nova Era. Pessoalmente gostaria de estar tão esperançosa num despertar global como você está. Neste momento vejo sim muita coisa mudar e muita gente acordar. Mas vejo outros tantos a afundar cada vez mais em termos de consciência. Creio que esse seu sentimento e essa sua certeza são uma mais valia ao Todo, e de verdade gostaria de partilhar o sentimento... Talvez com mais tempo...
No demais, já percebi que não bebe... Então convido-o para experimentar o tabaco chinês (por cá é a única coisa que arranjo...
). O Lancelot é que poderia partilhar um havano com a malta... Digo eu!
Abraço!