A maioria de nós ja olhou o céu noturno e, admirando as brilhantes estrelas que compõem as constelações mais comuns, ja se perguntou a história ou o mito por trás de cada uma delas.
Em astrologia mesmo, temos as 12 constelações que compõem o zodíaco, e para cada uma delas há uma história diferente.
É com o intuito de compartilhar um pouco deste conhecimento, que dou início ao tópico sobre História das Constelações. Porém, não pretendo me prender aqui, apenas a história das doze constelações do zodíaco, e deixo livre para que outras também sejam abordadas.
Bem, para começar vou falar da constelação de Gêmeos.
A constelação de Gêmeos, fica visível durante o verão (hemisfério Sul), sendo que durante o mês de Dezembro, fica visível logo a partir das 22h, a leste.
É uma constelação encabeçada por duas brilhantes estrelas que recebem o nome de Castor e Pólux. E é justamente em cima destes dois personagens que se desenrola a história desta constelação.
Castor e Pólux eram irmãos gêmeos, filhos de Leda. Embora tivessem esta peculiaridade,
eram filhos de pais diferentes. O último era filho de Júpiter (ou Zeus, para os Gregos) e o primeiro, filho de Tíndaro, rei de
Esparta e pai putativo de ambos. Pólux, sendo filho de um deus, fora agraciado com o dom
divino da imortalidade, enquanto Castor permaneceu um simples mortal. Castor adorava cavalos,
enquanto Pólux era mais afeito às artes do atletismo. Os dois eram inseparáveis, E desde meninos
estavam sempre metidos em aventuras, exercitando sem cessar a sua força e agilidade.
Um dia, quando iam em visita a Messena, pátria vizinha de Esparta, viram passear pelos
campos duas belas jovens. Castor, mais afoito, cutucou o ombro do irmão.
— Veja, Pólux, que lindas jovens!
Pólux, que também as estivera observando, franziu bem os olhos:
— De fato, caro irmão, são as mais belas moças que meus olhos já viram.
— Vamos conversar com elas.
Como iam montados em seus cavalos, logo estavam na presença das duas moças.
Aproximaram-se tanto que a respiração dos cavalos fazia agitar as vestes curtas e vaporosas das
duas moças, que com as mãos tentavam a todo instante evitar que elas subissem em demasia.
Uma delas, parecendo a mais decidida, encarou os dois e perguntou:
— Quem são vocês e o que querem aqui?
— Somos Castor e Pólux, da vizinha Esparta... — disse Castor.
— ... e estamos encantados com a beleza de vocês — completou Pólux.
— Como você se chama? — perguntou Castor à primeira.
— Febe é meu nome — disse ela, afastando o cabelo dos olhos.
— E você, linda jovem? — disse Pólux à segunda.
— Hilária — disse ela, erguendo a alça da túnica, que se desprendera do ombro.
Com palavras amenas e sorrisos simpáticos os dois irmãos tentaram espichar a conversa,
cada vez mais encantados com as duas. Hilária, porém, percebendo que as coisas marchavam no
rumo de um possível namoro, atalhou a conversa.
— Os dois irão nos desculpar, mas devemos ir embora, pois nossos noivos nos
aguardam.
Sem ouvir mais nada, Hilária pegou a mão da irmã e afastaram-se, deixando os dois ali
boquiabertos.
— Ora essa, são noivas... — disse Castor, contrariado.
— ... de dois idiotas, por certo! — completou Pólux.
Deviam ser idiotas, raciocinaram ambos, pois como podiam deixar que suas duas belas
noivas andassem sozinhas pelos campos, naqueles trajes curtos e provocantes?
Pólux, esporeando com força seu cavalo, saiu-lhes no encalço, até emparelhar novamente
com as duas. Hilária e Febe, contudo, desta vez não pararam.
— Que noivos são esses, que as deixam assim soltas pelos campos?... — perguntou
Castor a elas, juntando-se logo com seu cavalo ao grupo reconstituído.
— ... e por que cometem tal temeridade? — ajuntou Pólux.
— Eles estão muito atarefados e não podem estar sempre ao nosso lado -disse Febe.
— Ah, já sei, são daqueles que dão mais importância ao trabalho e aos afazeres do que às
suas mulheres... — disse Castor, com ironia.
— ... e que depois se queixam por terem sido traídos! — disse Pólux, com um riso franco.
Hilária, sentindo o sangue subir à face, parou de andar e virou o rosto para os dois.
— Nós somos virtuosas o bastante para saber respeitar-lhes a ausência.
— E o resto do mundo, minha graciosa dama, estará também disposto a respeitar-lhes a
ausência?... — disse Castor.
— ... ou julgam eles, em sua inocência, que o mundo seja tão inocente quanto eles?
— Seus noivos deveriam escolher o que é mais importante para eles, afinal...
— Eu, no lugar deles, jamais desgrudaria os olhos de vocês...
— Venha, Febe, vamos embora — disse Hilária, apertando o passo com sua irmã,
confusa com a conversa picotada dos dois irmãos ladinos.
— Ei, esperem!... — disse Pólux.
— ... sim, só queremos conversar! — completou Castor.
Assustadas, as duas resolveram correr pela campina, o que atiçou ainda mais o desejo dos
dois irmãos, pois enquanto as moças fugiam, o vento lhes erguia as vestes quase até a cintura.
— Vamos lá, Pólux!... — disse Castor, disparando numa cavalgada.
— ... é pra já! — gritou Pólux, eufórico.
Montados em seus ágeis cavalos, os dois irmãos sentiam o vento agitar os cabelos
enquanto perseguiam as duas lindas mulheres.
"Deus poderoso, o que pode haver de melhor neste mundo?", pensavam ambos,
enquanto cavalgavam velozmente. O amor não prima muito pela razão por isso mesmo, em
momento algum os dois se perguntaram se a ação que praticavam era justa ou injusta.
— Estas garotas estão precisando de um pouco de emoção! — gritava Castor.
— Sim, veja como fogem, embora com passo lento! — respondia Pólux. Talvez, apenas,
os cavalos fossem mais velozes. De qualquer modo,
Castor logo emparelhou com Hilária, que ofegava no esforço da corrida. O braço forte do
cavaleiro desceu até a cintura da jovem e ergueu-a sem esforço até aconchegá-la ao seu peito. No
esforço de desvencilhar-se dos braços de seu delicado raptor, Hilária perdeu o manto. Mas Castor
foi gentil o suficiente para voltar até onde a túnica de Hilária caíra e juntá-la, sem descer do
cavalo ou abandonar a preciosa presa.
Seu irmão também já tinha na garupa de seu cavalo a assustada Febe, que, temerosa de
cair ao solo, agarrara-se à cintura de seu seqüestrador.
— Calma, não vamos lhes fazer mal!... — disse Castor, procurando acalmar Hilária e sua
irmã.
— Que querem? Cupido nos alvejou, nada podemos fazer! — exclamou o irmão, cujos
olhos brilhavam de prazer ao sentir o corpo de Febe assim colado ao seu.
De repente, porém, atraídos pelos gritos, surgiram os dois noivos das moças raptadas.
Eram Idas e Linceu, dois heróis messênios, que, percebendo a situação, acorreram
imediatamente.
— Larguem as duas, desgraçados! — gritou Idas, possesso.
Os dois também estavam montados e logo encostaram seus cavalos aos dos raptores, que
por levarem peso dobrado cada um não conseguiram escapar por muito tempo à perseguição.
— Nós estamos apaixonados por elas! — disse Castor a Idas. — Como vocês não dão à
beleza delas a mesma importância que nós, resolvemos tomá-las para nós!
— Cale a boca, desgraçado! -disse Linceu.-Devolvam já as nossas noivas ou serão mortos!
Os dois gêmeos, assim afrontados, decidiram apear e enfrentar os seus rivais.
Logo estavam os quatro contendores descidos dos cavalos, enquanto as duas moças
fugiam numa corrida desenfreada pelos campos.
Os dois irmãos atracaram-se numa luta corpo a corpo com Idas e Linceu, e durante um
bom tempo a luta transcorreu sem vantagem visível de parte a parte. Idas, no entanto, vendo que
não poderia vencer a disputa, sacou de um punhal que trazia escondido à cintura e atravessou o
peito de Castor, que caiu ao solo mortalmente ferido.
— Meu irmão! — exclamou Pólux, ao ver seu irmão tombar ensangüentado.
— Este é o preço por sua ousadia! — disse Idas, limpando o ferro em sua túnica.
Pólux, cego de ódio, foi até o seu cavalo e, pegando um dardo afiado, avançou para o
agressor. Antes, porém, que alcançasse o assassino de seu irmão, enterrou o dardo no peito de
Linceu, que pulara à sua frente.
— Maldito, pagará caro por isto! — disse Idas, brandindo o seu punhal, Júpiter, porém,
que a tudo assistia do alto, enfureceu-se com a audácia
daquele mortal que pretendia ferir seu filho Pólux e disparou no mesmo instante um raio
vingador, que reduziu a cinzas o furioso Idas, bem como o cadáver prostrado de Linceu.
Pólux, vendo seu irmão Castor caído ao solo, correu em direção ao seu corpo.
— Castor morto! — exclamou, com o rosto banhado em lágrimas. — Meu irmão, como
poderei viver a partir de agora? Que prazer terei em minhas caçadas sem a sua companhia, irmão
querido?
Durante muito tempo ainda esteve curvado sobre o corpo do irmão, até que, tomando-o
em seus braços, Pólux carregou-o até o Olimpo. Todos os deuses pararam para assistir àquela
cena trágica. Pólux, entrando no salão onde estava o trono celestial de seu pai, postou-se à sua
frente, tendo sempre nos braços o corpo do irmão morto.
— Meu pai, não poderei continuar a viver sem a companhia de meu querido irmão! —
disse Pólux a Júpiter. — Venho aqui para pedir que lhe restitua a vida ou então que cancele a
minha imortalidade, permitindo que eu desça com ele até a morada das sombras. Lá, ao menos,
continuaremos juntos.
— Pólux, seu irmão era mortal, e seu destino não pode ser alterado — disse Júpiter.
— Mas como poderei ser feliz aqui no Olimpo, estando ele apartado de mim, para
sempre nas profundezas do reino de Plutão? Uma imortalidade dessas seria como a morte para
mim.
Júpiter parecia inflexível, mas ao ver a dor do filho, que em momento algum largara o
corpo do irmão, resolveu reconsiderar.
— Está bem, já que deseja compartilhar do destino dele, tenho uma solução — disse
finalmente o pai dos deuses. — Já que você insiste em não se apartar de seu irmão, farei com que
ambos passem metade do ano em meu reino, gozando da imortalidade, e na outra metade irão
habitar o reino das sombras, junto aos mortos, já que meu irmão Plutão não admitiria perder um
súdito que já é seu de direito.
Pólux, que não queria outra coisa senão estar sempre junto de seu irmão, vibrou de
alegria. No mesmo instante, Castor abriu os olhos e os dois se abraçaram, felizes.
— Mas lembrem-se, daqui a seis meses os dois deverão ir habitar o Plutão sombrio —
advertiu-os Júpiter.
— Ótimo! — exclamou Pólux. — Dividiremos assim a morte como dividimos a vida.
Castor, agradecido, abraçou-se novamente ao irmão.
Por fim, por ser tão bela a história dos dois irmãos, Júpiter resolveu contá-la através das estrelas, para que a humanidade tivesse como exemplo o amor destes dois irmãos.
Por isso, a constelação de gêmeos passa seis meses visível e outros seis meses invisível, pois é quando ambos os irmãos descem para o submundo de Plutão (Ou Hades para os gregos)
Em astrologia mesmo, temos as 12 constelações que compõem o zodíaco, e para cada uma delas há uma história diferente.
É com o intuito de compartilhar um pouco deste conhecimento, que dou início ao tópico sobre História das Constelações. Porém, não pretendo me prender aqui, apenas a história das doze constelações do zodíaco, e deixo livre para que outras também sejam abordadas.
Bem, para começar vou falar da constelação de Gêmeos.
A constelação de Gêmeos, fica visível durante o verão (hemisfério Sul), sendo que durante o mês de Dezembro, fica visível logo a partir das 22h, a leste.
É uma constelação encabeçada por duas brilhantes estrelas que recebem o nome de Castor e Pólux. E é justamente em cima destes dois personagens que se desenrola a história desta constelação.
Castor e Pólux eram irmãos gêmeos, filhos de Leda. Embora tivessem esta peculiaridade,
eram filhos de pais diferentes. O último era filho de Júpiter (ou Zeus, para os Gregos) e o primeiro, filho de Tíndaro, rei de
Esparta e pai putativo de ambos. Pólux, sendo filho de um deus, fora agraciado com o dom
divino da imortalidade, enquanto Castor permaneceu um simples mortal. Castor adorava cavalos,
enquanto Pólux era mais afeito às artes do atletismo. Os dois eram inseparáveis, E desde meninos
estavam sempre metidos em aventuras, exercitando sem cessar a sua força e agilidade.
Um dia, quando iam em visita a Messena, pátria vizinha de Esparta, viram passear pelos
campos duas belas jovens. Castor, mais afoito, cutucou o ombro do irmão.
— Veja, Pólux, que lindas jovens!
Pólux, que também as estivera observando, franziu bem os olhos:
— De fato, caro irmão, são as mais belas moças que meus olhos já viram.
— Vamos conversar com elas.
Como iam montados em seus cavalos, logo estavam na presença das duas moças.
Aproximaram-se tanto que a respiração dos cavalos fazia agitar as vestes curtas e vaporosas das
duas moças, que com as mãos tentavam a todo instante evitar que elas subissem em demasia.
Uma delas, parecendo a mais decidida, encarou os dois e perguntou:
— Quem são vocês e o que querem aqui?
— Somos Castor e Pólux, da vizinha Esparta... — disse Castor.
— ... e estamos encantados com a beleza de vocês — completou Pólux.
— Como você se chama? — perguntou Castor à primeira.
— Febe é meu nome — disse ela, afastando o cabelo dos olhos.
— E você, linda jovem? — disse Pólux à segunda.
— Hilária — disse ela, erguendo a alça da túnica, que se desprendera do ombro.
Com palavras amenas e sorrisos simpáticos os dois irmãos tentaram espichar a conversa,
cada vez mais encantados com as duas. Hilária, porém, percebendo que as coisas marchavam no
rumo de um possível namoro, atalhou a conversa.
— Os dois irão nos desculpar, mas devemos ir embora, pois nossos noivos nos
aguardam.
Sem ouvir mais nada, Hilária pegou a mão da irmã e afastaram-se, deixando os dois ali
boquiabertos.
— Ora essa, são noivas... — disse Castor, contrariado.
— ... de dois idiotas, por certo! — completou Pólux.
Deviam ser idiotas, raciocinaram ambos, pois como podiam deixar que suas duas belas
noivas andassem sozinhas pelos campos, naqueles trajes curtos e provocantes?
Pólux, esporeando com força seu cavalo, saiu-lhes no encalço, até emparelhar novamente
com as duas. Hilária e Febe, contudo, desta vez não pararam.
— Que noivos são esses, que as deixam assim soltas pelos campos?... — perguntou
Castor a elas, juntando-se logo com seu cavalo ao grupo reconstituído.
— ... e por que cometem tal temeridade? — ajuntou Pólux.
— Eles estão muito atarefados e não podem estar sempre ao nosso lado -disse Febe.
— Ah, já sei, são daqueles que dão mais importância ao trabalho e aos afazeres do que às
suas mulheres... — disse Castor, com ironia.
— ... e que depois se queixam por terem sido traídos! — disse Pólux, com um riso franco.
Hilária, sentindo o sangue subir à face, parou de andar e virou o rosto para os dois.
— Nós somos virtuosas o bastante para saber respeitar-lhes a ausência.
— E o resto do mundo, minha graciosa dama, estará também disposto a respeitar-lhes a
ausência?... — disse Castor.
— ... ou julgam eles, em sua inocência, que o mundo seja tão inocente quanto eles?
— Seus noivos deveriam escolher o que é mais importante para eles, afinal...
— Eu, no lugar deles, jamais desgrudaria os olhos de vocês...
— Venha, Febe, vamos embora — disse Hilária, apertando o passo com sua irmã,
confusa com a conversa picotada dos dois irmãos ladinos.
— Ei, esperem!... — disse Pólux.
— ... sim, só queremos conversar! — completou Castor.
Assustadas, as duas resolveram correr pela campina, o que atiçou ainda mais o desejo dos
dois irmãos, pois enquanto as moças fugiam, o vento lhes erguia as vestes quase até a cintura.
— Vamos lá, Pólux!... — disse Castor, disparando numa cavalgada.
— ... é pra já! — gritou Pólux, eufórico.
Montados em seus ágeis cavalos, os dois irmãos sentiam o vento agitar os cabelos
enquanto perseguiam as duas lindas mulheres.
"Deus poderoso, o que pode haver de melhor neste mundo?", pensavam ambos,
enquanto cavalgavam velozmente. O amor não prima muito pela razão por isso mesmo, em
momento algum os dois se perguntaram se a ação que praticavam era justa ou injusta.
— Estas garotas estão precisando de um pouco de emoção! — gritava Castor.
— Sim, veja como fogem, embora com passo lento! — respondia Pólux. Talvez, apenas,
os cavalos fossem mais velozes. De qualquer modo,
Castor logo emparelhou com Hilária, que ofegava no esforço da corrida. O braço forte do
cavaleiro desceu até a cintura da jovem e ergueu-a sem esforço até aconchegá-la ao seu peito. No
esforço de desvencilhar-se dos braços de seu delicado raptor, Hilária perdeu o manto. Mas Castor
foi gentil o suficiente para voltar até onde a túnica de Hilária caíra e juntá-la, sem descer do
cavalo ou abandonar a preciosa presa.
Seu irmão também já tinha na garupa de seu cavalo a assustada Febe, que, temerosa de
cair ao solo, agarrara-se à cintura de seu seqüestrador.
— Calma, não vamos lhes fazer mal!... — disse Castor, procurando acalmar Hilária e sua
irmã.
— Que querem? Cupido nos alvejou, nada podemos fazer! — exclamou o irmão, cujos
olhos brilhavam de prazer ao sentir o corpo de Febe assim colado ao seu.
De repente, porém, atraídos pelos gritos, surgiram os dois noivos das moças raptadas.
Eram Idas e Linceu, dois heróis messênios, que, percebendo a situação, acorreram
imediatamente.
— Larguem as duas, desgraçados! — gritou Idas, possesso.
Os dois também estavam montados e logo encostaram seus cavalos aos dos raptores, que
por levarem peso dobrado cada um não conseguiram escapar por muito tempo à perseguição.
— Nós estamos apaixonados por elas! — disse Castor a Idas. — Como vocês não dão à
beleza delas a mesma importância que nós, resolvemos tomá-las para nós!
— Cale a boca, desgraçado! -disse Linceu.-Devolvam já as nossas noivas ou serão mortos!
Os dois gêmeos, assim afrontados, decidiram apear e enfrentar os seus rivais.
Logo estavam os quatro contendores descidos dos cavalos, enquanto as duas moças
fugiam numa corrida desenfreada pelos campos.
Os dois irmãos atracaram-se numa luta corpo a corpo com Idas e Linceu, e durante um
bom tempo a luta transcorreu sem vantagem visível de parte a parte. Idas, no entanto, vendo que
não poderia vencer a disputa, sacou de um punhal que trazia escondido à cintura e atravessou o
peito de Castor, que caiu ao solo mortalmente ferido.
— Meu irmão! — exclamou Pólux, ao ver seu irmão tombar ensangüentado.
— Este é o preço por sua ousadia! — disse Idas, limpando o ferro em sua túnica.
Pólux, cego de ódio, foi até o seu cavalo e, pegando um dardo afiado, avançou para o
agressor. Antes, porém, que alcançasse o assassino de seu irmão, enterrou o dardo no peito de
Linceu, que pulara à sua frente.
— Maldito, pagará caro por isto! — disse Idas, brandindo o seu punhal, Júpiter, porém,
que a tudo assistia do alto, enfureceu-se com a audácia
daquele mortal que pretendia ferir seu filho Pólux e disparou no mesmo instante um raio
vingador, que reduziu a cinzas o furioso Idas, bem como o cadáver prostrado de Linceu.
Pólux, vendo seu irmão Castor caído ao solo, correu em direção ao seu corpo.
— Castor morto! — exclamou, com o rosto banhado em lágrimas. — Meu irmão, como
poderei viver a partir de agora? Que prazer terei em minhas caçadas sem a sua companhia, irmão
querido?
Durante muito tempo ainda esteve curvado sobre o corpo do irmão, até que, tomando-o
em seus braços, Pólux carregou-o até o Olimpo. Todos os deuses pararam para assistir àquela
cena trágica. Pólux, entrando no salão onde estava o trono celestial de seu pai, postou-se à sua
frente, tendo sempre nos braços o corpo do irmão morto.
— Meu pai, não poderei continuar a viver sem a companhia de meu querido irmão! —
disse Pólux a Júpiter. — Venho aqui para pedir que lhe restitua a vida ou então que cancele a
minha imortalidade, permitindo que eu desça com ele até a morada das sombras. Lá, ao menos,
continuaremos juntos.
— Pólux, seu irmão era mortal, e seu destino não pode ser alterado — disse Júpiter.
— Mas como poderei ser feliz aqui no Olimpo, estando ele apartado de mim, para
sempre nas profundezas do reino de Plutão? Uma imortalidade dessas seria como a morte para
mim.
Júpiter parecia inflexível, mas ao ver a dor do filho, que em momento algum largara o
corpo do irmão, resolveu reconsiderar.
— Está bem, já que deseja compartilhar do destino dele, tenho uma solução — disse
finalmente o pai dos deuses. — Já que você insiste em não se apartar de seu irmão, farei com que
ambos passem metade do ano em meu reino, gozando da imortalidade, e na outra metade irão
habitar o reino das sombras, junto aos mortos, já que meu irmão Plutão não admitiria perder um
súdito que já é seu de direito.
Pólux, que não queria outra coisa senão estar sempre junto de seu irmão, vibrou de
alegria. No mesmo instante, Castor abriu os olhos e os dois se abraçaram, felizes.
— Mas lembrem-se, daqui a seis meses os dois deverão ir habitar o Plutão sombrio —
advertiu-os Júpiter.
— Ótimo! — exclamou Pólux. — Dividiremos assim a morte como dividimos a vida.
Castor, agradecido, abraçou-se novamente ao irmão.
Por fim, por ser tão bela a história dos dois irmãos, Júpiter resolveu contá-la através das estrelas, para que a humanidade tivesse como exemplo o amor destes dois irmãos.
Por isso, a constelação de gêmeos passa seis meses visível e outros seis meses invisível, pois é quando ambos os irmãos descem para o submundo de Plutão (Ou Hades para os gregos)